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RENATO ZUPO
RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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A gravação improvável

ENTRETANTO

Alguém pode me explicar porque motivo uma reunião, não vou dizer sigilosa, mas reservada, é gravada e arquivada? Porque essa é a pergunta que não quer calar! Se tenho uma equipe de colaboradores e preciso me encontrar com eles para lavar roupa suja e trocar desabafos, eu vou… gravar isso? Ora, façam-me o favor! De qualquer modo, a exibição do vídeo não traz qualquer benefício a Sérgio Moro e aos opositores do presidente Jair Bolsonaro. Durante a conversa gravada houve, é claro, palavrões, ofensas e bravatas, além de expressões chulas. Enfim, tudo o que uma reunião de um grupo de colaboradores íntimos costuma ter. Dela, os eleitores de Jair Bolsonaro, estes que gostam dele porque gostam dele e porque ele é o que é, entraram em êxtase com a overdose de escracho sem meias palavras que tanto caracteriza o jeito de ser do nosso dignatário máximo. E na conversa Sérgio Moro está cada vez mais com a cara de Sérgio Moro: jeito de menino que perdeu a carona pro circo, que ficou de recuperação e sem mesada, ou que teve o pneu da bicicleta furado pelo valentão da rua.

Inversão de verdades.
A acusação que pesa sobre o nosso Presidente é que (prestem atenção) queria nomear para um cargo diretivo da Polícia Federal alguém que, de fato, poderia nomear por lei, alguém de sua confiança. Então, acompanhem meu raciocínio, o que se diz que o Presidente cometeu ou tentou cometer não é crime perante a Lei Penal. É um fato “atípico”, como dizemos no jargão judiciário. Também causa espanto que Sérgio Moro permaneça para alguns a vítima da história. Alguém quer me dizer por que o ex-juiz é tão blindado assim por boa parte da imprensa? Porque prendeu bandido? Porque combateu a corrupção? Ora, isso é a profissão de todo juiz. O cara é pago pra isso. Eu faço isso a vinte e dois anos e não estou vendo tapete vermelho, fogos de artifício e nem banda de música. E nem é para ver! Estou apenas fazendo minha obrigação. Vamos acordar gente. Vamos dar valor ao Zezinho da feira que acorda cinco da manhã e pega dois ônibus pra ir trabalhar no grande centro, que passa três horas por dia passando raiva no trânsito indo e voltando do emprego, que mora na favela perto de boca de fumo e morre de medo de morrer de bala perdida. Esse é o nosso herói. Sérgio Moro não.

Golpe contra a democracia.
Setores da sociedade secundam o Ministro Alexandre de Morais que cogita enquadrar a ação de manifestantes contra o STF em crime contra a segurança nacional. Quando eu cursava Direito, nos distantes idos de 1990, já se dizia que a Lei de Segurança Nacional era inconstitucional, porque protegia o Estado em si mesmo e não a sociedade. Por isso estaria revogada na prática. Todas as cabeças jurídicas pensantes achavam isso. Eis que ela ressurge esgrimida pelo Congresso, pelo STF, contra quem manifesta sua opinião. Vivendo e aprendendo, e desesperando com tanto absurdo, com tanta burrice. E não se diga que o General Heleno e passeatas, e manifestantes, incitam a violência. Vejam a diferença entre isso e Ciro Gomes, pego em uma “live”, uma videoconferência, mandando correligionários chamarem Bolsonaro de “assassino”… Depois aparece um Adélio da vida, pilhado por esse tipo de veneno de quinta categoria, comete um desatino, e aí some todo mundo, que filho feio não tem pai.

A vontade popular mudou?
Pobre só é de esquerda pra ganhar casa popular. O povão mesmo, aquele pessoal que acorda cedo pra enfrentar dois turnos de serviço e passa o final de semana pondo ordem na casa e educando os filhos, que deve a casa própria ou vive de aluguel, que anda de ônibus ou financiou um carro 1000 e não está aguentando pagar, esse pessoal é todinho ele, todinho, de direita. Pobres no Brasil, tal como nos EUA, são de direita: religiosos, tradicionalistas, conservadores, valorizam as instituições clericais, e sobretudo tem raiva de quem ganha a vida sem dar duro, de quem é corrupto, de quem vive escondido em ONG ou sindicato para fazer política com a dor alheia. Pobre de verdade acha que o regime de cotas em universidades de nada adianta se não há emprego depois do diploma e que casamento é entre homem e mulher conforme as leis de Deus. Esse é o nosso pobre. Não é o dirigente sindical, o militante do PT que parou de trabalhar aos 30 anos, o professor de História da Sociologia Moderna da faculdade que fuma um baseado com os alunos de vez em quando, não é o ator de teatro que mora na zona sul mas adora Che Guevara, não é o youtubber que fala de Foucalt para leigos que jamais lerão Foucalt. Esse pessoal é a esquerda, gente. E eles perderam a eleição. E se ela fosse hoje, perderiam de novo.

O Dito pelo não dito.
“A Liberdade é quase sempre, exclusivamente, a liberdade de quem pensa diferente de nós.” (Rosa Luxemburgo, economista e política polonesa).

 

Renato Zupo
Magistrado e Escritor

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